Olá, sou Claudio Magno da Silva, um osasquense de coração, com 51 anos de experiências e histórias para compartilhar. Além de ser casado e pai de quatro filhos, orgulho-me de ser Bacharel em Ciências Contábeis da turma de 1996.
Nasci na encantadora cidade de Juiz de Fora/MG, mas foi em Osasco que meu coração fincou raízes, quando minha família decidiu mudar-se em busca de uma vida melhor, lá em 1973.
Minha jornada começou em Juiz de Fora/MG, onde morávamos em uma fazenda. Nas décadas de 1960 e 1980, o Brasil enfrentava uma séria ameaça: o vírus da poliomielite, também conhecido como paralisia infantil. Com apenas onze meses de vida, fui atingido por esse vírus que afetou meus membros superiores e inferiores. A luta começou ali, enquanto fiquei internado durante alguns meses. Felizmente, meus braços recuperaram os movimentos, mas infelizmente minhas pernas não puderam fazer o mesmo.
Naquela época, os postos de vacinação eram distantes e as informações sobre a doença eram escassas. Mesmo meus irmãos mais velhos não receberam a vacina. Apesar da paralisia, tive uma infância cheia de brincadeiras e o amor incondicional da minha família, que sempre esteve ao meu lado. Quando completei sete anos, percebi que o mundo não estava preparado para alguém como eu. Escadas eram e ainda são uma barreira imensa para um cadeirante. Testemunhei a luta da minha mãe para me matricular em uma escola pública, mas todas as portas se fechavam, impedindo minha entrada.
A reviravolta veio através de uma amiga da família, que conseguiu uma vaga para mim no internato “Pequeno Cotolengo de Dom Orione”, localizado no Km 24,5 da Rodovia Raposo Tavares. Finalmente, encontrei um ambiente adaptado às minhas necessidades, onde, aos oito anos de idade, comecei minha jornada educacional.
O internato foi um desafio imenso para mim. Apegado à minha mãe e à família, a adaptação foi dolorosa. Minha mãe era uma verdadeira guerreira, enfrentando tempos difíceis com acesso limitado à informação. Ela carregava uma culpa silenciosa por não ter me vacinado. Os finais de semana passados com a família eram momentos mágicos, mas a despedida da minha mãe, ao retornar ao internato, era sempre dolorosa. Chorava, ela também chorava.
No internato, tive oportunidade de estudar e receber tratamento médico e fisioterapêutico. Aprendi a andar com órteses e muletas, e aos 19 anos, depois de concluir o ensino médio, voltei para o seio da minha família, pronto para enfrentar os desafios do “mundo”.
No meu primeiro dia de volta à escola, o Padre Toneli veio até mim e disse: “Meu filho, isso é necessário para o seu desenvolvimento. Aqui, você é igual a todos os outros. Você terá que se virar sozinho e ajudar os colegas que também precisam de ajuda.”
Essas palavras ressoam até hoje como uma valiosa lição de vida que carrego comigo.
Minha história é a de alguém que enfrentou obstáculos, superou desafios e aprendeu que a força interior e o desejo de ajudar os outros são fontes de poder que todos nós possuímos. Minha jornada continua, repleta de conquistas e aprendizados, e estou animado para ver o que o futuro reserva.
Agradeço por me acompanhar nesta viagem, e lembre-se, a vida é uma aventura cheia de oportunidades, e cada obstáculo é uma chance de crescer e inspirar os outros.